sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Do desconforto do aniversário ao consolo trazido por Drummond

É tão estranho...todo ano é a mesma coisa, o mesmo sentimento. É incômodo. Não por ficar mais velho, nada disso, não tem nada a ver com idade. É uma coisa estranha. Para começar, não sou fã de comemorações, festinha em casa, bolo, salgadinho, refrigerante...ahhhh, nada disso!!!
Vontade de ficar sozinho, talvez viajar, o problema é que se eu viajar eu vou junto...rs... o problema é comigo...vai me acompanhar...
Fico triste pelas pessoas que me ligam, querem vir à minha casa e eu evito. Mas isso é tão estranho para mim. Não sei como começou essa história, lembro-me que desde a infância foi assim: adoro aniversário dos outros, gosto mesmo, ajudo a organizar, compro presente, ligo, abraço, mas no meu é um problema. É um dia deveras incômodo. Sempre choro. Quando, na verdade, dizem todos que eu deveria estar feliz. Mas eu não entendo como tristeza, como já disse é uma sensação estranha. É uma dor de existência. Não tenho o menor traquejo para ser protagonista, prefiro os bastidores, é estranho ter um dia em que sou protagonista.

Finalmente chamo a poesia, minha redentora, companheira e libertadora em qualquer tempo.

Consolo na praia _ Carlos Drummond de Andrade

Vamos, não chores...
A infância está perdida.
A mocidade está perdida.
Mas a vida não se perdeu.

O primeiro amor passou.
O segundo amor passou.
O terceiro amor passou.
Mas o coração continua.

Algumas palavras duras,
em voz mansa, te golpearam.
Nunca, nunca cicatrizam.
Mas, e o humour?

Tudo somado, devias
precipitar-te, de vez, nas águas.
Está nu na areia, no vento...
Dorme, meu filho.



2 comentários:

Ingrid Moura disse...

Tudo isso aí faz muito sentido. A tristeza é importante também,pode estimular um outro nível de reflexões. Essa necessidade de ter q estar sempre feliz é outra coisa das mais incômodas, vida é isso aí: a mistura eterna.

Jordão Pablo disse...

De qualquer forma, feliz aniversário! rss

Versando sério...
Expressão d'alma! Li alguns trechos seus (prometo que lerei todos os textos na íntegra, os que estão e os que virão...) e os considero instigantes e inteligentes. Parabéns!

Abraços desse seu amigo que quer vê-lo bem.